Parque dos Búfalos

Laudo Técnico

Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS
Responsável Técnica: Profa. Marta Angela Marcondes

LOCAL: PARQUE DOS BÚFALOS – SÃO PAULO

Introdução:

Quando se investe em tratamento de esgoto as melhorias nas condições de saúde da população são extremamente visíveis. A Fundação Nacional da Saúde- FUNASA, preconiza que a cada R$1,00(um) real investido em saneamento, se economiza R$ 4,00(quatro) reais em medicina curativa.

O tratamento de esgoto é tão importante para melhorar o Índice de desenvolvimento Humano (IDH), que de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015) uma das metas seria a redução pela metade o número de pessoas sem rede de esgoto.

Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento- SNIS, apontou que a Região Metropolitana de São Paulo posições no ranking que avalia a qualidade dos serviços de coleta e tratamento de água e esgoto nas 100 maiores cidades do País. As estatísticas são referentes a 2011, ano do apontamento mais recente feito pelo órgão que é ligado ao Ministério das Cidades.

O local de estudo deste laudo, região conhecida como Parque dos Búfalos (figura 1), está inserida nesse contexto, ou seja, se encontra na área da Região Metropolitana de São Paulo, porém, diferentemente de outras áreas, com a possibilidade de melhorar o aspecto geral da situação em questões de saneamento, por possuir condições ambientais que podem melhorar e muito a qualidade de água do Reservatório Billings, além de garantir à fauna e à flora abrigos raros na região metropolitana de São Paulo.

Como pode ser observado na figura 1 a única área que ainda possui nascentes e resquícios de vegetação nativa na região, é a área do Parque dos Búfalos.

Vários estudos foram feitos no reservatório Billings e a história poderia ter sido completamente diferente, caso o estudo realizado pelo Prof. Samuel Murgel Branco, em 1966, fosse levado em consideração para o planejamento da represa e seu território. Exemplo disso é como o Prof. Samuel termina a discussão do estudo.
“…. a área que constitui o sistema Billings constitui exatamente a zona de maiores precipitações pluviométricas, sendo pois de se lamentar o seu abandono como recurso para abastecimento futuro da cidade.

O aproveitamento de uma parte da vazão da represa seria possível, nas seguintes circunstâncias ou alternativas: a) isolando-se, para esse fim, alguns braços; b) realizando tratamento dos esgotos da cidade para se remover os materiais que estimulam o crescimento de algas, que produzem toxinas…….Teríamos como consequência dessas ações uma aceleração no processo de recuperação da represa…”

Nesse contexto o presente estudo foi realizado para que se possa verificar a importância da área como produtora de água para o Reservatório e também como obrigo para espécies animais, garantindo assim a vida dos seres humanos.

Laudo técnico. Parque dos Búfalos.
Figura 1: Localização espacial da área estudada – Parque dos Búfalos. — Fonte: Google Earth

Resultados obtidos:

Para a obtenção dos resultados foi levado em consideração o construto da legislação vigente nos pais:

RESOLUÇÃO CONAMA 357/05 – que estabelece a classificação das águas nacionais em:

Classe especial:

Classe 1: II – classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

Classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato secundário.

Classe 3:

Classe 4:

Levou-se em consideração a normativa para águas de classe 1, sendo assim todos os resultados estão balizados nessa classificação. (Valores verificados na tabela abaixo)

tabela_01

A área possui uma série de nascentes e foram analisadas em dois momentos diferentes, no mês de março de 2015 e no mês de agosto também de 2015.

As tomadas das amostras e as análises laboratoriais foram realizadas segundo as metodologias descritas pelo Standard Methods the Examination of Water and Wastewater. 21°ed. Parte 9000. 2005.

resultados_marco_2015

Os resultados apresentados na primeira tomada de amostras demonstram que as nascentes estudadas estão com seus parâmetros dentro do que preconiza a Resolução CONAMA 357/2005 para águas de Classe 1, ou seja, que podem ser utilizadas para o abastecimento após tratamento simplificado.

Mas o mais importante é que essas águas são aquelas que garantem a proteção a vida aquática e terrestre de animais e plantas da região.

A qualidade das nascentes indica a necessidade da manutenção da área preservada e se pode inferir que a retomada da vegetação no local virá corroborar com a melhoria da qualidade dessas águas e também com a qualidade de água do Reservatório Billings, local para onde as águas das nascentes se direcionam.

resultados_agosto_2015

Vale salientar que as nascentes com os códigos P1, P3 e P3 (figura 2), estão na mesma área, porém possuem uma vazão de 0,012 m3/h.

Para realizar o cálculo da vazão foi utilizada a metodologia descrita em: www.fsfmetalurgica.com/artigos/metodoparacalcularavazao

nascentes_1_2_e_3

IMPORTANTE:

A MANUTENÇÃO DESSAS NASCENTES SÓ SERÁ POSSIVEL COM A MANUTENÇÃO DA ÁREA VERDE QUE AS CERCA, TODA A IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO OU MESMO A OCUPAÇÃO COM MORADIAS ESTARÁ CONDENANDO A MORTE CADA UMA DELAS.

O FATO DELAS ESTAREM PRESENTES, VIVAS E COM ÁGUA DE QUALIDADE DE CLASSE 1, SE DÁ PELO MOTIVO OBVIO ..A MANUTENÇÃO DA ÁREA VERDE E A MANUTENÇÃO DA PERMEABLIDADE DO SOLO!

DIAGNÓSTICO FINAL:

  1. Área com grande capacidade de produção de água, devido ao fato de que as águas de suas nascentes serem classificadas, segundo a RESOLUÇÃO CONAMA 357, como CLASSE 1
  2. Área com grande capacidade de abrigar espécimes animais, como um refúgio para grupos e indivíduos da fauna, por se tratar de um dos poucos pontos onde os animais possam se abrigar ou mesmo manter um corredor ecológico.
  3. A área está inserida em três parâmetros legais importante:
  4. Lei de Proteção aos Mananciais
  5. Lei Específica da Billings
  6. Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo

ALGUNS CONSTRUTOS EDUCACIONAIS PARA O EMBASAMENTO DO ESTUDO

“Trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Florestal (IF) comprovam, de forma inequívoca, que a presença de cobertura florestal em bacias hidrográficas promove a regularização do regime de rios e a melhora na qualidade da água. Daí a importância do Programa Nascentes, desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo, que tem o objetivo de promover a restauração de 20 mil hectares de matas ciliares.

Os pesquisadores científicos da Seção de Engenharia Florestal, do IF, Valdir de Cicco, Francisco Arcova e Maurício Ranzini, embasaram suas teses de doutorado em pesquisas sobre a relação entre a floresta e a água, elucidando dúvidas e provando com números as suas proposições.”

FONTE: http://iflorestal.sp.gov.br/2015/08/13/pesquisas-do-if-comprovam-a-importancia-da-vegetacao-na-producao-de-agua-com-qualidade/

FONTE: Ilustração da pesquisa realizada por Maurício Ranzini
FONTE: Ilustração da pesquisa realizada por Maurício Ranzini

IMPORTANTE SALIENTAR QUE O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PULO POSSUI O PROGRAMA NASCENTES..

O Programa Nascentes, do Governo do Estado de São Paulo, é a maior iniciativa já lançada pelo poder público para manter e recuperar as nascentes, olhos d´água e matas ciliares – vegetação localizada às margens de nascentes, rios, córregos, lagos e represas que protegem e limpam as nossas águas.

Então se pode dizer que a Proteção da área do Parque dos Búfalos corrobora e vem ao encontro do Programa do Governo do Estado.

Segundo o Governo do Estado de São Paulo:

As matas ciliares são tão importantes para a proteção de rios e lagos como são os cílios para os nossos olhos. Do lado esquerdo, temos um rio saudável, com a mata ciliar auxiliando a ação da natureza. Já do lado direito temos os malefícios da ausência desta vegetação. Sem as matas ciliares, as nascentes secam, as margens dos rios e riachos solapam, o escoamento superficial aumenta e a infiltração da água no solo diminui, reduzindo as reservas de água do solo e do lençol freático. As consequências são dramáticas para o meio-ambiente: a poluição difusa chega facilmente aos mananciais, a vida aquática é prejudicada, a ocupação desordenada chega às margens de rios e reservatórios, transformando-os em grandes esgotos ou lixões.

Fonte: http://www.ambiente.sp.gov.br/programanascentes/

Ainda segundo o próprio Instituto Florestal do Estado de São Paulo

O Cinturão Verde é o responsável pela qualidade de vida da metrópole de São Paulo, na medida que apresenta 10 grandes benefícios:

  • abriga os mananciais que abastecem a cidade e as cabeceiras e afluentes dos rios que cortam a área urbana;
  • estabiliza o clima, impedindo o avanço das ilhas de calor em direção à periferia;
  • auxilia na recuperação atmosférica filtrando o ar poluído, principalmente de substâncias particuladas;
  • abriga grande biodiversidade de espécies;
  • protege os solos de áreas vulneráveis, onde se produzem chuvas torrenciais, amenizando as enchentes na malha urbana;
  • uso social
  • garante parte da segurança alimentar das cidades;
  • constitui reserva do patrimônio cultural;
  • apresenta forte potencial para novas descobertas científicas;
  • estimula as atividades autosustentáveis.

Em contrapartida, podemos também listar as 10 maiores ameaças ao Cinturão Verde:

  • Especulação Imobiliária;
  • Grandes obras de infra-estrutura;
  • Legislação inadequada e descumprida;
  • Regulamentação fundiária precária;
  • Extração ilegal de recursos florestais;
  • Mineração;
  • Lixo Urbano;
  • Poluição atmosférica;
  • Depredação do ambiente por indivíduos não conscientes;
  • Desconcentração industrial.

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